sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Usina controla consumo de água e comemora resultados.



Alta Mogiana capta 0,58 metro cúbico por tonelada de cana processada e obtém uma das melhores performance do setor.


Fonte: Jornal Cana, Edição nº 264, Janeiro de 2016 - Renato Anselmi, de Campinas, SP

A preservação ambiental já está tão incorporada à visão de diversas unidades e grupos sucroenergéticos que sua sobrevivência no processo de gestão dessas empresas não depende de momentos favoráveis ou de turbulências da atividade. A responsabilidade ambiental está vinculada, nesses casos, à cultura da empresa.
A Usina Alta Mogiana, de São Joaquim da Barra, SP, por exemplo, sempre teve um olhar para o futuro quando o assunto é preservação ambiental, segundo o diretor industrial da unidade, Fernando Vicente. As boas práticas nessa área fazem parte do dia a dia da usina, que fechou a safra 2015/16 com um volume captado de 0,58 metro cúbico de água por tonelada de cana processada – informa –, que está entre os melhores resultados do setor.
                “É um numero difícil de conseguir. Mas, estamos realizando um trabalho muito grande, há quatro ou cinco anos, de reaproveitamento de toda a água da industria”, afirma. A Alta Mogiana conta inclusive com um engenheiro trainee – apelidado de “Aquaman” – que tem a responsabilidade de cuidar dessa área. “Toda manhã, ele reporta como foi o dia anterior”, revela. Faz também uma cobrança em relação à postura dos integrantes da equipe da área industrial para que sejam obtidos resultados satisfatórios. “Temos uma serie de medidores de vazão que ajudam a policiar o consumo de água no processo. São instrumentos importantes. Fizemos um mapeamento da usina”, diz.
                Há um controle do consumo que considera os pontos estratégicos da planta industrial para verificação do aumento ou redução do uso de água – detalha.
                A economia de água é um procedimento adotados em diferentes etapas do processo. A usina usa, por exemplo, a flegmaça na fermentação. Há uma diluição do fermento com flegmaça para que ocorra uma diminuição do consumo de água nessa operação – explica Fernando Vicente.
                Os condensados, que são provenientes da água dos caldos das cana, são utilizados na embebição e para limpeza de equipamentos.
                A usina conta ainda com um sistema de limpeza de cana a seco que faz, alem da retirada das impurezas minerais e vegetais, o desenfardamento da palha. Essa operação começou a ser realizada em 2015 – revela. “Processamos 26,5 mil toneladas de palha, que era inclusive nossa meta”, afirma.
                Com a moagem de 5,090 milhões de toneladas de cana na safra 2015/16, a Alta Mogiana gerou nesse período 172 mil megawatts/hora de energia. “A usina fechou esse ano com 98% da cana crua. Nunca houve esse resultado. Não há queima da palha. Incêndios que ocorreram, foram acidentais ou criminosos. Essa visão de cumpri o Protocolo Agroambiental e moer cana crua já é uma realidade”, comemora.


 
Potabilidade reflete preocupação com a qualidade.

A água em toda usina é potável. Segundo Fernando Vicente, há dosagem de cloro, entre outros procedimentos, para a obtenção de potabilidade. “A água que a gente capta, a gente também bebe”, diz. Ele observa que existe o desenvolvimento de todo um trabalho para a obtenção desse resultado.

“Por conta de estar fazendo um açúcar que é alimento, temos isso como uma coisa que a gente considera importante. Onde se tem água natural, captada do rio, é potável”, exemplifica.

O diretor industrial destaca que o cliente da Alta Mogiana quer um açúcar branco de qualidade. A usina fornece o produto para a indústria de alimentos e de refrigerantes. “Temos uma vocação para a qualidade”, enfatiza.

Segundo ele, a Alta Mogiana possui todas as certificações que são possíveis para o setor sucroenergético. Na área ambiental, por exemplo, conta com a ISSO 14001 e a Bonsucro que avalia a sustentabilidade da produção da cana-de-açúcar e todos os seus produtos nas dimensões social, ambiental e econômica. (RA)




Práticas adequadas incluem circuito fechado e uso de resíduos

A preocupação com a economia e reaproveitamento da água ocorre em toda a unidade industrial da Alta Mogiana. “Basicamente a usina inteira e um circuito fechado, a destilação, a própria água de lavagem de gases e caldeiras” – observe Fernando Vicente.
A Alta Mogiana possui o maior sistema de retirada de fuligem do Brasil – destaca o diretor industrial. “Temos um decantador para fuligem de 1,5 milhões de litros. Ninguém no setor tem um decantador tão grande como o nosso”, ressalta.
Essa unidade de São Joaquim da Barra bombeia em torno de três milhões de litros para lavar as caldeiras. “O tempo para decantação é de mais ou menos meia hora. Toda a fuligem, misturada à torta de filtro, é usada como adubo no campo”, diz. O sistema também faz a recuperação da água utilizada nesse processo que retorna à indústria ou é usada para fertirrigação.
A reutilização de resíduos industriais tem sido uma pratica ambiental adotada com sucesso pela usina que conta com uma produção de dez litros de vinhaça por litro de etanol. “Há também um aproveitamento da água que é descartada. A Alta Mogiana tem fertirrigação com vinhaça e também fertirrigação com água e vinhaça”, detalha.

O reuso da água ocorre em tudo que é possível – enfatiza. “Para o futuro, podemos pensar em algum tratamento para a água que é jogada fora. Mas, isto hoje ainda não tem viabilidade econômica”, comenta. De acordo com ele, esse é o caminho para reduzir a captação de 0,58 m³. Fora isto, não há muito o que fazer, pois esse volume já é muito bom – esclarece. (RA)





Fonte: Jornal Cana, Edição nº 264, Janeiro de 2016

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