Alta Mogiana capta 0,58 metro cúbico por tonelada de cana
processada e obtém uma das melhores performance do setor.
Fonte: Jornal Cana, Edição nº 264, Janeiro de 2016 - Renato Anselmi, de Campinas, SP
A preservação ambiental já está tão incorporada à visão
de diversas unidades e grupos sucroenergéticos que sua sobrevivência no
processo de gestão dessas empresas não depende de momentos favoráveis ou de
turbulências da atividade. A responsabilidade ambiental está vinculada, nesses
casos, à cultura da empresa.
A Usina Alta Mogiana, de São Joaquim da
Barra, SP, por exemplo, sempre teve um olhar para o futuro quando o assunto é
preservação ambiental, segundo o diretor industrial da unidade, Fernando
Vicente. As boas práticas nessa área fazem parte do dia a dia da usina, que
fechou a safra 2015/16 com um volume captado de 0,58 metro cúbico de água por
tonelada de cana processada – informa –, que está entre os melhores resultados
do setor.
“É um numero
difícil de conseguir. Mas, estamos realizando um trabalho muito grande, há
quatro ou cinco anos, de reaproveitamento de toda a água da industria”, afirma.
A Alta Mogiana conta inclusive com um engenheiro trainee – apelidado de
“Aquaman” – que tem a responsabilidade de cuidar dessa área. “Toda manhã, ele
reporta como foi o dia anterior”, revela. Faz também uma cobrança em relação à
postura dos integrantes da equipe da área industrial para que sejam obtidos
resultados satisfatórios. “Temos uma serie de medidores de vazão que ajudam a
policiar o consumo de água no processo. São instrumentos importantes. Fizemos
um mapeamento da usina”, diz.
Há um
controle do consumo que considera os pontos estratégicos da planta industrial
para verificação do aumento ou redução do uso de água – detalha.
A economia de
água é um procedimento adotados em diferentes etapas do processo. A usina usa,
por exemplo, a flegmaça na fermentação. Há uma diluição do fermento com
flegmaça para que ocorra uma diminuição do consumo de água nessa operação –
explica Fernando Vicente.
Os
condensados, que são provenientes da água dos caldos das cana, são utilizados
na embebição e para limpeza de equipamentos.
A usina conta
ainda com um sistema de limpeza de cana a seco que faz, alem da retirada das
impurezas minerais e vegetais, o desenfardamento da palha. Essa operação
começou a ser realizada em 2015 – revela. “Processamos 26,5 mil toneladas de
palha, que era inclusive nossa meta”, afirma.
Com a moagem
de 5,090 milhões de toneladas de cana na safra 2015/16, a Alta Mogiana gerou
nesse período 172 mil megawatts/hora de energia. “A usina fechou esse ano com
98% da cana crua. Nunca houve esse resultado. Não há queima da palha. Incêndios
que ocorreram, foram acidentais ou criminosos. Essa visão de cumpri o Protocolo
Agroambiental e moer cana crua já é uma realidade”, comemora.
Potabilidade
reflete preocupação com a qualidade.
A água em toda usina é potável. Segundo
Fernando Vicente, há dosagem de cloro, entre outros procedimentos, para a
obtenção de potabilidade. “A água que a gente capta, a gente também bebe”, diz.
Ele observa que existe o desenvolvimento de todo um trabalho para a obtenção
desse resultado.
“Por conta de estar fazendo um açúcar
que é alimento, temos isso como uma coisa que a gente considera importante.
Onde se tem água natural, captada do rio, é potável”, exemplifica.
O diretor industrial destaca que o
cliente da Alta Mogiana quer um açúcar branco de qualidade. A usina fornece o
produto para a indústria de alimentos e de refrigerantes. “Temos uma vocação
para a qualidade”, enfatiza.
Segundo ele, a Alta Mogiana possui todas
as certificações que são possíveis para o setor sucroenergético. Na área
ambiental, por exemplo, conta com a ISSO 14001 e a Bonsucro que avalia a
sustentabilidade da produção da cana-de-açúcar e todos os seus produtos nas dimensões
social, ambiental e econômica. (RA)
Práticas adequadas incluem circuito fechado e uso de
resíduos
A preocupação com a economia e reaproveitamento da
água ocorre em toda a unidade industrial da Alta Mogiana. “Basicamente a usina
inteira e um circuito fechado, a destilação, a própria água de lavagem de gases
e caldeiras” – observe Fernando Vicente.
A Alta Mogiana possui o maior sistema de retirada
de fuligem do Brasil – destaca o diretor industrial. “Temos um decantador para
fuligem de 1,5 milhões de litros. Ninguém no setor tem um decantador tão grande
como o nosso”, ressalta.
Essa unidade de São Joaquim da Barra bombeia em
torno de três milhões de litros para lavar as caldeiras. “O tempo para
decantação é de mais ou menos meia hora. Toda a fuligem, misturada à torta de
filtro, é usada como adubo no campo”, diz. O sistema também faz a recuperação
da água utilizada nesse processo que retorna à indústria ou é usada para
fertirrigação.
A reutilização de resíduos industriais tem sido uma
pratica ambiental adotada com sucesso pela usina que conta com uma produção de
dez litros de vinhaça por litro de etanol. “Há também um aproveitamento da água
que é descartada. A Alta Mogiana tem fertirrigação com vinhaça e também
fertirrigação com água e vinhaça”, detalha.
O reuso da água ocorre em tudo que é possível –
enfatiza. “Para o futuro, podemos pensar em algum tratamento para a água que é
jogada fora. Mas, isto hoje ainda não tem viabilidade econômica”, comenta. De
acordo com ele, esse é o caminho para reduzir a captação de 0,58 m³. Fora isto,
não há muito o que fazer, pois esse volume já é muito bom – esclarece. (RA)
Fonte: Jornal Cana, Edição nº 264, Janeiro de 2016
Fonte: Jornal Cana, Edição nº 264, Janeiro de 2016
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